quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Sentido da Vida

Esse é um texto pequeno, rápido e simples. Escrevo ele apenas porque algo me incomoda, e não vejo outra maneira de tirar esse incômodo a não ser expressando-o em forma de texto.
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A vida biológica é uma manifestação inédita no universo observável. Nosso planeta é - até agora - o único que abriga esta forma de vida; pra isso ter acontecido, uma série de eventos de origem caótica tiveram que juntar suas peças. Já seria magnífico se um planeta gerasse, pelo menos, formas de vida primitivas, como animais de origem marinha - ao exemplo da esponja. Mas não, nosso planeja chegou em um nível jamais visto na galáxia! Ele gerou nós, os humanos, seres que são capazes de usar seu intelecto e sua consciência para se identificarem como indivíduos. Nós somos uma exceção, até agora. Nenhum outro animal está no mesmo nível de igualdade que nós; nenhum outro animal consegue construir estruturas complexas e explorar a vastidão do universo.



A nossa diferença para outros animais, no entanto, é mínima; ou pelo menos no sentido de nos classificar como "superiores". A grosso modo, temos duas grandes diferenças:

- Polegares opositores: graças a eles, fomos capazes de manipular objetos com extrema precisão, garantindo um maior controle sobre tudo que fazemos nesse mundo - o simples ato de manipular um bastão como nenhum outro animal nos dá grande vantagem.

- Neocortex: Os únicos que os possui são alguns primatas, e talvez alguns outros animais - mas somente os humanos, que são primatas, conseguiram utilizar essa área do cérebro com tamanha eficiência. Creio - sem nenhum embasamento científico - que essa parte cerebral nos humanos desenvolveu uma profunda ligação com o que é mais abstrato, mais elevado. Foi essa parte, ou com grande ajuda dessa parte, que conseguimos compor músicas, por exemplo.

Nós seriamos como qualquer outro, se não fosse essas diferenças. Por causa delas nós temos um 'fantasma' dentro de nós, que identificamos como o Eu. E por causa desse Eu, nós fazemos muitas e muitas coisas; como namorar, brincar, viajar, sonhar, estudar e matar.
Mas veja, animais também namoram, brincam, sonham, matam... Eles também tem seu Eu, então?

Claro, eles tem, mas o Eu deles é totalmente diferente do nosso. O Eu deles é totalmente ligado à sua natureza; já nós podemos escolher - o famoso livre-arbítrio.
Veja: O universo de um caramujo é diferente do universo de um humano. O mundo em que ele vive é plano, e talvez 2D. Como um caramujo pode olhar pro céu e saber que acima dele há um universo? Para um caramujo, sua vida é se rastejar, se alimentar, sobreviver.
Ora, outro dia caiu um trovão perto da minha casa. Como minha cadela poderia saber que aquele raio caiu do céu e gerou aquele estrondo? Ela não pode, ela não entende. A mente dela - o seu Eu - não é capaz de idealizar esse tipo de coisa. Para ela, tudo que aconteceu foi um estrondo inexplicável, provavelmente de uma força ameaçadora. Mas minha cadela pode, por exemplo, olhar pra cima do muro e ver um gato; ela é capaz de entender que aquele gato está acima dela - portanto, ela tem um campo de visão em 3D, assim como nós.

Isso quer dizer que a mente de um caramujo é totalmente diferente da mente de um cachorro, que também é diferente da mente de um humano. A realidade nos é mostrada de acordo com o nível de capacidade de percebe-la. Nós, humanos, achamos que entendemos a realidade, pois temos a Razão conosco. Podemos entender o mundo e suas leis pela matemática, por exemplo; ou entender o comportamento de outros humanos e animais pela observação. Mas será que nós vemos a realidade como ela de fato é? Será que nós não somos parecido com 'caramujos' nesse imenso universo? Há alguma espécie super desenvolvida que é capaz de ver a realidade mil vez além da nossa?

Perguntas... E nenhuma resposta no bolso.
Ainda há uma questão mais interessante: O que vemos, sentimos, percebemos do 'mundo externo', existe exatamente lá? Alguns caras perceberam que nosso cérebro nada mais é do que um leitor de sinais elétricos. Tudo que existe, segundo eles, são átomos, nadando por aí. Esses átomos se chocariam uns com os outros e gerariam eletricidade, em certo nível; essa corrente elétrica seria lida e interpretada pelo nosso cérebro como algo 'entendível', de acordo com o nível de vibração daquela eletrecidade; ou seja, algo que possamos conceber, como forma, som e luz (cor).
O processo seria mais ou menos como a leitura de um computador; este receberia uma sequência de códigos binários - zeros e 'uns' - e, de acordo com o código, ele simularia X coisa.
Para se ter uma idéia de como é complicado, vou citar aqui o código que o computador deve ter pra simular (ou representar) as letras do alfabeto:

A. 01000001. B. 01000010. C. 01000011. D. 01000100. E. 01000101. F. 01000110. G. 01000111...

O seu cérebro faz isso com corrente elétrica. Ao tocar no fogo, seu cérebro recebe correntes elétricas através do tato, cuja vibração quer dizer "quente".
Eu me pergunto se ocorrer um erro na tradução; o que aconteceria? Alguns falam que o daltonismo - a pessoa que vê tons de cor diferentes das outras - é um problema nessa leitura, mas não sei se é verdade.
Imagino que seria um problema se alguém, ao invés de ver um carro, visse um elefante cor-de-rosa, andando por aí. A realidade é frágil demais pra confiarmos nela, ao meu ver.
E ainda há um pequeno paradoxo nessa história: Como o cérebro traduz tudo que existe no mundo, se ele mesmo está no mundo? A mão contém receptores que captam temperaturas; isto é: elas recebem certos graus de sinais elétricos que são enviados para o cérebro; este, por sua vez, os traduz - e traduz como 'quente' -  e manda de volta para a mão, que sente o 'calor'.
Um cérebro é composto de átomos, também. O cérebro é algo existente no mundo, ele receberia os sinais cerebrais de si mesmo e os traduziria, então um cérebro interpretaria a si mesmo.
Em um computador, o hardware traduz o que é software; mas no caso do cérebro, ele mesmo estaria interpretando os sinais cerebrais dele mesmo; ou seja, se auto gerando (?)
Se uma árvore cai na floresta e não há ninguém para ouvi-la, há barulho? A resposta é: não, não há. O que ocorre é que a árvore, ao cair, produz vibrações (informação, energia... escolha o nome que quiser), mas no caso, não há nenhum receptor para captar - e nada para interpretar essa vibração, nenhum cérebro, nenhuma máquina; portanto, não há barulho. O barulho é uma interpretação - só a vibração (energia, informação) é real.

Aqui nós chegamos numa explicação mais profunda: Há algo além do cérebro, alguém além dos sinais elétricos, algo que opera a máquina - como o usuário do computador.
Esse alguém está além da vida observável, num mundo invisível e incompreensível - talvez em uma realidade maior, igual aquela que não podemos entender, pois somos "caramujos".
Não sei. Essa é uma explicação geralmente religiosa.

Até agora sabemos que a realidade é interpretada por nossos cérebros através de sinais cerebrais, e que além disso, a 'realidade' pra cada ser vivente é diferente de um pra outro - se baseando apenas na estrutura cerebral. Agora lhes digo que há uma realidade 'religiosa', além do mundo observável; uma realidade do multiverso.

Os budistas estão certos, então. O mundo é uma grande ilusão, criada pela mente. Nada existe, exceto um grande oceano de energia - que os Taoístas chama de Tao, mas que não é o Tao.
E se o mundo é uma grande ilusão, então... Qual o sentido da nossa vida?

Além de vivermos num mundo que é energia interpretada por nossos sentidos e que vivemos em realidades individuais, ainda temos que saber que nossa 'vida' é um mero acidente no universo e que ainda há milhares de manifestações religiosas nos dizendo que isso é assim e assado. Ufa!
Não faz sentido, no fim. Ou faz? Não sei.

A vida é um caos, onde ninguém sabe o que é e o que não é; pois não há como saber, no fim das contas. O que um caramujo sabe sobre a vida, se ele só vivencia quase nada da realidade maior?

Os espiritualistas, ocultistas e místicos, dizem saber sobre os 'mistérios', mas, por mais que eles tenham mesmo experimentado tais mistérios, aquilo não seria de absoluto para todos. Parece que, de alguma forma muito estranha, a realidade se comporta diferente de um indivíduo (humano) para outro, mesmo!
Não só com animais de outras espécies. Veja: Eu posso ter uma série de experiências durante toda a minha vida e no final dizer: "É, isso é a vida."
Mas por outro lado, um amigo pode ter experiências totalmente diferentes da minha e dizer exatamente a mesma coisa.
Um místico pode ver ETs voando no céu e passar sua vida inteira em contato com eles;
Um religioso pode ver e sentir Jesus nas Igrejas e viver pregando Sua palavra;
Um espiritualista pode entrar em contato com seres inteligentes de outros planos e canalizar as idéias deles pra cá;
Um ocultista pode passar sua vida inteira resolvendo problemas por aí, como caçando demônios, matando lobsomens e outras façanhas inimagináveis.
Um ateu vive sua vida aproveitando o máximo sua existência, sem nada de anormal ou incompreensível.

Pra cada um deles a realidade é diferente. Por que?
Claro, se você considerar que cada um deles fala a verdade, mas tomando como verdadeira cada experiência, por que o que o místico viu o ateu não viu? Existe um filtro gerado por nós mesmos? Ah, ótimo!
Além de tudo, há isso.

Lembro de jogar pokemon; um deles se chamava Ditto, era uma gosma rosa que, tada vez que ia pra luta, assumia a forma do adversário, copiando seus poderes também.
A realidade seria como isso; ela se molda de acordo com o indivíduo, baseado na cultura, experiência de vida, pensamento... E por aí vai. Já havia falado disso nesse texto.

Então, se a realidade é tão frágil, tão abstrata, qual o sentido da vida?
As pessoas dizem que todos vamos ou pro céu ou pro inferno, que o sentido é tentar sempre fazer o melhor pra ir pro céu. Outros dizem que vamos evoluir espiritualmente; já outros, que só existimos. Se a realidade é tão mutável, é correto afirmar que nosso destino final também é.
Mas isso ainda não explica minha pergunta.
Qual o sentido de se participar disso, então, se não há um caminho correto? Qual o objetivo de experimentar isso? Não há? Creio que não, de verdade.

Isso não quer dizer que vou encerrar minha existência. Mas quer dizer que vou parar de seguir uma via por causa de X coisa, pois não há X coisa, não há um objetivo. Você apenas deve seguir seu fluxo natural - e talvez seguir seu fluxo seja o objetivo...
Ah! Não sei. Estou cansado de escrever. Disse que escreveria pouco e agora o texto está muito maior do que eu pensava - e no fim, não disse quase nada sobre o sentido da vida, só disse que a realidade é tão estável quanto uma bolha de sabão.

Uma última coisa: Eu não sei qual é o sentido da vida de um ponto de vista macrocósmico; ou seja, não sei qual o objetivo de vivermos isso tudo. Porém, tem como descobrir sim seu objetivo em um nível microcósmico, no sentido do que você nasceu pra fazer. E embora possa parecer simples, não é. Nós costumamos chamar de 'Verdadeira Vontade'. A V.V. não é um emprego que você faz, nem um lugar pra onde se vai, nem nada disso. Ela é apenas a expressão máxima do seu ser. É o ato de acordar cedo e querer estar vivo, pois você sabe os motivos de estar vivo, embora em meio ao caos de não saber o motivo.
Futuramente escreverei mais sobre ela.
No fim, deixo um vídeo que resume muito bem o que disse nesse texto (agradeça à Platão):




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